quarta-feira, 2 de maio de 2012

Pindo Doce: o poder da comunicação

quarta-feira, 2 de maio de 2012
Era impossível escapar a este tema, está na ordem do dia e é definitivamente um caso de estudo no que toca à Comunicação e ao Marketing: a campanha de 50% de desconto nos supermercados Pingo Doce que se deu ontem.

Escapando um pouco ao Marketing e focando mais a comunicação, embora os temas estejam interligados, é importante rever o que fez a cadeia de supermercados para que o 1 de Maio de ontem ficasse na história das promoções e campanhas portuguesas. Leu-se por aí que foi o caos, o tema será discutido pelas autoridades fiscais durante as próximas semanas, mas a verdade é que a cadeia de supermercados deve ter facturado mais ontem do que factura num mês completo. Porquê? Como isto aconteceu? sob um poder inacreditável de uma comunicação inconsciente para o consumidor.

Não vou aqui falar dos efeitos negativos que isto pode ter, nem discutir os assuntos fiscais. Vejamos apenas de que forma a rede anunciou a campanha? é verdade, não anunciou! Uns dias antes, 1 talvez, foi anunciando uma promoção nos detergentes para a máquina, uma promoção num produto que chamaria a atenção dos consumidores por ter bastante procura. A estratégia foi anunciar 1 ou 2 dias antes de 1 dia em que toda a gente estaria livre para ir às compras, num dia em que era feriado e a maioria (devido ao tempo) iria refugiar-se em centros comerciais e supermercados também por ser final do mês, por isso mais €€ nas contas bancárias.

Deu-se depois o chamado boca-a-boca. Eu própria acordei pela manhã com um telefonema só para me falar da tal campanha e essa mesma pessoa disse que também soube por telefone de uma outra pessoa num outro canto do país.

E foi assim a um custo muito inferior, a um custo muito baixo, através de comunicação que a cadeia de supermercados conseguiu atrair os consumidores, esgotar stocks, esvaziar prateleiras, vender produtos que há muito estavam empatados e acima de tudo conseguir que durante vários dias o seu nome fosse e será falado.

Num momento de total crise económica em que as pessoas fazem uma minuciosa triagem do que compram no supermercado, a marca fez com que os consumidores gastassem muito mais do que certamente gastariam este mês e não só, levando-os também a comprar produtos que jamais compram nos dias de hoje. Em simples palavras, eles aproveitaram a "fome" do consumidor, a necessidade com que ele está de atacar prateleiras e comprar coisas que há muito não compra.

À parte de muita coisa que eu mesma não concordo, a verdade é que este é um excelente exemplo de como a comunicação bem feita e sobretudo com foco no inconsciente do consumidor pode ter resultados estrondosos. 

Tudo isto num supermercado que anuncia "preços baixos o ano inteiro" e que afirma nunca fazer promoções.

Não valerá a pena pensar nisto?

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